A Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNA) divulgou uma pesquisa em que aponta que o percentual de famílias que relataram ter dívidas chegou a 71,4% . Este é o maior patamar da série histórica, iniciada em 2010 e o maior aumento anual desde dezembro de 2019.
As principais dívidas apontadas são: cartão de crédito, cheque especial, cheque pré-datado, carnê de loja, crédito consignado, empréstimo pessoal, prestação de carro e prestação de casa.
As famílias com dívidas ou contas em atraso chegaram a 25,6%, o terceiro aumento seguido. Já as que relataram não ter condições financeiras de arcar com suas dívidas em atraso e continuarão inadimplentes chegou a 10,9% em julho.
Numa análise das faixas de renda, as famílias que recebem até 10 salários-mínimos, o endividamento chega a 72,6%. A inadimplência nesta faixa é de 28,7% e 13,1% do total de famílias continuarão com as contas em atraso, por falta de meios de pagamento.
Já no grupo das famílias que recebe mais de 10 salários, o endividamento vem batendo recordes desde fevereiro deste ano, chagando a 66,3%. A inadimplência neste grupo está em 12,1% e 3,5% afirmam não ter como colocar suas dívidas em dia.
Na capacidade de pagamento, a parcela média da renda comprometida entre as famílias endividadas ficou em 30,5%, o maior nível desde 2017 e 21,1% têm mais da metade da renda comprometida com dívidas.
A principal dívida das famílias é, sem dúvida, o cartão de crédito, 82,7%. Segundo a CNA, a elevada inflação que estamos vivenciando tem diminuído o poder de compra das famílias e deteriorado o orçamento doméstico, além da fragilidade dos mercados de trabalho, tudo isso contribuí para que o cartão de crédito seja usado como recurso de renda.
Porém, é o que oferece o maior custo ao consumidor, quando se torna crédito rotativo (quando se paga um valor menor que o total da fatura) e embora o crédito possa funcionar como ferramenta de recomposição da renda e potencializar o consumo, com mais de 71% das famílias endividadas, este é um alerta para o uso do crédito e um potencial de (ainda) maior crescimento da inadimplência.
Nossa dica é a seguinte: se debruce sobre seu orçamento, veja o que dá para ser “enxugado” e renegocie numa parcela que caiba no seu bolso, para que a dívida negociada não entre, ela mesma, em atraso.